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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"A oportunidade para refletir"

O cerne da vida dos eupátridas (parcela minoritária da população grega considerada a elite) era o oikos, palavra grega para casa, onde estes preservavam sua privacidade. Porém, os bem nacidos dedicavam a maior parte da vida adulta para as atividades públicas, isto é,para o ócio. Este ócio, para os gregos da aristocracia, significava a liberdade que implicava em não ter a obrigação de trabalhar. Liberdade para caminhar pela cidade, pensar sobre o mundo, discutir, dedicar-se à vida pública.

O processo de industrialização iniciado no século 18 que, entre outras coisas, transformou os camponeses e os artesãos em "trabalhadores assalariados", onde seu único produto seria, então, sua força de trabalho, no momento em que a produção artesanal deu lugar a manufatura e fazendo com que estes perdessem a autonomia sobre seu trabalho, deu origem ao conceito de ócio que temos hoje e que seria "o tempo livre do trabalho assalariado" que logo foi associado, pela concepção burguesa, à vadiagem. "a ociosidade seria o 'tempo perdido', desperdiçado e que levaria ao, à estagnação".

Voltando aos gregos. Ociosidade possuía, para estes, uma forte conexão com a Felicidade, pois esta se encontrava na oportunidade de se refletir. É nesta "oportunidade de reflexão" que residiria o vínculo da escola dos nossos dias com o ócio grego, pois, na teoria, a escola é o que representaria, hoje, o espaço para reflexão. O que, infelizmente, não acontece na prática. Para Aristóteles,

convém considerar que a felicidade não está na posse de muitas coisas, mas no estado em que a alma se encontra. Poder-se-ia dizer que é feliz não um corpo com uma bela roupa, mas aquele que é saudável e está em bom estado, ainda que despido. Da mesma forma, a uma alma, se está educada, a tal alma e a tal homem se há de chamar de feliz, não se ele está com adornos externos, não sendo digno de nada.


"A FELICIDADE ESTAVA NO CENTRO DA ESCOLA PARA OS ANTIGOS"


Baseado em texto do livro Grécia e Roma de Pedro Paulo Funari.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Faz parte das "...outras coisas".

Um pouco de distração.

Ideia para quem não tem nada pra fazer


1º Mate algumas moscas, mas com cuidado.

2º Deixe ao sol por 1 hora até secar.

3º Recolha as moscas, pegue lápis e papel...e...deixe a imaginação fluir.

Seguem alguns exemplos:









Imagens recebidas por e-mail.


Se divertiu? Agora vá ler um livro e divirta-se mais ainda!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os Soldados da Borracha: Amazônia, campo de batalha na Segunda Guerra Mundial.


Com o objetivo de controlar a migração para os centros urbanos, o governo Vargas elaborou um plano conhecido como “Marcha para Oeste” no qual se incluiu a Amazônia. O oeste brasileiro e a Amazônia ficaram, assim, inseridos na política de ocupação dos “espaços vazios” que pretendia mobilizar os migrantes, principalmente nordestinos, para o interior do país. Esta política previa a disponibilização de infra-estrutura viária e de mercado de trabalho para tornar viável a sedentarização das famílias de trabalhadores rurais no interior do país, através da concessão de lotes de terra onde o colono receberia incentivos para agricultura eliminando o nomadismo e relegando a economia extrativista a um segundo plano.
Com a explosão da 2ª Guerra Mundial, os planos de colonização da Amazônia sofreram drásticas alterações. Os Acordos de Washington firmados entre Brasil e EUA transformaram o Brasil no principal fornecedor de borracha dos EUA. A emergência da produção de borracha retomou o antigo modo de produção extrativista com o recrutamento de mão-de-obra, exclusivamente, masculina para os seringais amazônicos.
Os trabalhadores que se dirigiram aos seringais ficaram conhecidos como os “Soldados da Borracha”. Estes “soldados” eram recrutados pelo SEMTA (Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para Amazônia).

Para convencer os nordestinos a “aderir à causa aliada” o governo estadonovista usou de eficiente propaganda e de promessas de melhores condições de vida em uma região “verde e frondosa” diferente da paisagem do sertão nordestino. Calças e blusas de morim, chapéu de palha, alpercatas de rabicho, um talher com lado colher e outro garfo, uma rede e um saco de estopa eram o equipamento que recebiam os “soldados da borracha”.
Na Amazônia o inimigo era bem diferente do combatido pelas forças aliadas nos campos da Europa. A própria paisagem se configurava como um inimigo. A distância dos seringais dificultava a assistência prometida pelas instituições do governo, tornando o seringueiro dependente do velho sistema de “Aviamento”. Os autos preços dos alimentos e das ferramentas de trabalho no barracão deixavam-nos endividados e impossibilitados de deixar o seringal devido a violência com que eram repreendidas as tentativas de fuga.
As mulheres tiveram que lutar em outra frente. Dependentes da assistência social e financeira do governo nos núcleos criados especialmente para receber essa população, tiveram que viver sob regras que desconheciam distantes e sem noticias de seus maridos. Tiveram sua situação agravada quando o governo resolveu suspender a assistência. Suas insatisfações e péssimas condições de vidas puderam ser conhecidas através das cartas que escreviam aos seus maridos que, não raro, não recebiam as missivas pela dificuldade em descobrir a verdadeira localização dos destinatários.  Uma carta, porém, cumpriu seu destino. Enviada ao presidente Getulio Vargas a carta clamava por justiça. A resposta dada a esta carta, se houve, é desconhecida.
Estima-se que até 20000 trabalhadores nordestinos jamais tenham retornado para suas famílias, número muito maior que os calculados para as perdas da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da Europa.
Bibliografia
LÉVI-STRAUSS, Claude. “Amazônia” [1955]. In: Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, pp. 41-51.
DEAN,Warren. “A Batalha da Borracha, 1940 - 1945”. In: A luta pela borracha no Brasil: um estudo de História ecológica. São Paulo: Nobel, 1989. pp. 107-130.
SECRETO, Maria Verônica. “A ocupação nos “espaços vazios” no governo Vargas: “Discurso do rio Amazonas” à saga dos soldados da borracha”. In: Estudos Históricos, nº 40 (2007), pp.115-135. HTTP://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/465.pdf
SECRETO, Maria Verônica. “Fúria epistolar: As cartas das mulheres dos Soldados da Borracha. Uma interpretação sobre o significado da assistência às famílias”. In: Esboços (UFSC), Florianópolis, v. 14, pp. 171-190, 2005.
Imagens disponíveis em: <http://sociedadeestranha.blogspot.com/2008/11/ponto-de-vista.html> e <http://reporterdaamazonia.blogspot.com/2009/08/memoria-revisitada-cartazes-para.html> Acesso em: 07/12/10.